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Entre veredas e tramas: coleção inédita de Capim Dourado conecta tradição e design contemporâneo

Peças desenvolvidas por Mumbuca e Carrapato em projeto do Sebrae com apoio da Energisa destacam a força das comunidades quilombolas
Por Maria Laura Porto
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Nesta semana o Granduh Café se transformou em vitrine para um dos símbolos mais potentes da identidade do Tocantins: o Capim Dourado. No lançamento da coleção “Entre Veredas e Tramas”, artesãs das comunidades quilombolas Mumbuca e Carrapato apresentaram peças que unem técnica ancestral e experimentação estética, resultado de um processo colaborativo conduzido pelo Sebrae em parceria com a Energisa, por meio do projeto Energia Para Crescer. A curadoria evidenciou o encontro entre tradição e design contemporâneo e revelou a força cultural e econômica de um saber que atravessa gerações no Jalapão.

 Artesãs dos quilombos Mumbuca e Carrapato produzindo peças

O evento apresentou colares, brincos, pulseiras, bolsas e bandejas. A edição investe em linhas limpas e traços contemporâneos que preservam a essência do fazer artesanal, ao mesmo tempo em que ampliam e atualizam o potencial de mercado das peças. A iniciativa reforça a representatividade do material como expressão genuína do Cerrado, destaca o papel das artesãs como guardiãs de uma técnica ancestral, traz visibilidade para a prática e evidencia o protagonismo das comunidades originárias na economia do Estado

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O ouro do Tocantins
O Capim Dourado é uma fibra vegetal que se consolidou como um pilar central da identidade, da manifestação cultural, da luta e do modo de vida do povo quilombola, que desenvolveu as práticas artesanais e se firmou como principal polo de produção.

A artesã Mumbuca Sulina Ribeiro explica como a matéria-prima significou uma profunda mudança de vida para a comunidade, uma vez que oferece fonte de renda e melhores condições.

Esse Capim mudou a nossa história, o Capim Dourado que sustenta a nossa vida. Quando ele ‘surgiu’ pela primeira vez, falaram que era ouro e, realmente, para nós é um ouro, porque mudou a história de muitos

Sulina Ribeiro, artesã do quilombo Mumbuca

Ela pontua que, apesar de mais de 200 anos de história, a produção começa a ganhar notoriedade recentemente.

A parceria com o Sebrae ocorre desde 2021, com o apoio da instituição aos quilombos. Segundo a analista do Sebrae Admary Monteiro, foi por meio de uma demanda da própria comunidade que as consultorias foram ofertadas e a coleção elaborada.

Quando falamos de Capim Dourado, falamos de um patrimônio cultural vivo. Esta coleção mostra que é possível respeitar as raízes, ampliar repertórios e inserir essas mulheres no mercado de forma justa, valorizando o trabalho manual, a identidade do território e o protagonismo feminino

Admary Monteiro, analista do Sebrae Tocantins

De acordo com a designer Luiza Bomeny, uma das responsáveis pela coleção, a curadoria foi construída em conjunto e o grande desafio foi trabalhar apenas com Capim Dourado e buriti, já que o objetivo era reforçar o protagonismo das matérias-primas. “O objetivo é a essência. Esse é o verdadeiro ouro do Tocantins. E foi junto com elas, conhecendo o trabalho delas, o potencial delas, vendo o que elas faziam”, reforça.

Bolsa produzida com seda de Buriti

Sulina enfatiza que, apesar de serem profissionais, a ação foi fundamental para maior desenvolvimento e atualização das peças produzidas. “Algumas coisas mudam, então foi maravilhoso para mim, porque o Sebrae foi um braço forte para nós. E por isso estou aqui hoje, representando a nossa coleção. Isso é um prazer muito grande”, evidencia.

Energia para Crescer
A iniciativa, realizada em parceria com a Energisa por meio do projeto Energia para Crescer, promove ações estruturantes que repercutem diretamente na qualidade da produção e nas condições de trabalho das artesãs.

Para o gerente de Gestão e Projetos da Energisa Tocantins, Leandro Fernandes da Costa, o projeto reafirma o compromisso da companhia com o desenvolvimento territorial e a valorização cultural. “Este trabalho representa mais um passo no fortalecimento da cultura do Jalapão, onde o artesanato e o Capim Dourado transformam a realidade das comunidades. Ampliar a igualdade de oportunidades é uma das prioridades da Energisa e, neste projeto, avançamos muito ao democratizar o conhecimento em educação empreendedora e incentivar iniciativas de geração de renda”, evidencia.

Artesãs dos quilombos Mumbuca e Carrapato com peças produzidas

  • capim dourado