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Menos apoio do cônjuge e convivência com o preconceito de gênero: o tortuoso caminho da mulher que empreende no Brasil

Um quarto das empresárias já sofreu na própria pele atitudes discriminatórias por ser mulher, mostra pesquisa do Sebrae
Por Sebrae Nacional
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Assim como muitas empreendedoras brasileiras, Solange Maria Nascimento não contou com o apoio do marido quando decidiu abrir o seu salão de beleza em Belo Horizonte (MG). Foram necessárias algumas tentativas até que ela pudesse formalizar o Studio M e conseguisse, na sequência, dar um ponto final no relacionamento abusivo. “Meu ex-marido tinha medo de que eu me desenvolvesse e não cedesse mais para as coisas que ele fazia comigo. Não me deixava correr atrás”, relata a empresária. Infelizmente, Solange não está sozinha nessa estatística. Segundo a pesquisa “Empreendedorismo Feminino”, do Sebrae, as mulheres que decidem abrir a própria empresa e as que já se dedicam ao empreendedorismo recebem apoio de 61% dos seus cônjuges, enquanto, entre os homens, esse dado salta para 68%.

O levantamento divulgado no fim de 2023 também indica que é mais frequente para os homens receberem apoio de clientes e fornecedores (43%). Já no grupo feminino, esse índice cai para 34%. O mesmo estudo mostra ainda que 42% das empreendedoras brasileiras já presenciaram situações de preconceito contra outra mulher dona de negócio e um quarto das empresárias já sofreu na própria pele atitudes discriminatórias de gênero.

Para a diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Margarete Coelho, o estudo sinaliza que ainda há um longo caminho a percorrer para resgatar a autoconfiança da mulher, que muitas vezes têm de lidar com diversas jornadas para dar conta dos afazeres domésticos e cuidados com os filhos e demais familiares. “Além de naturalmente assumir as rédeas na rotina dentro de casa, pesquisas recentes mostram que aumentou a proporção de mulheres chefes de família, chegando a quase 49% dos lares”, comenta.

Precisamos desenvolver políticas públicas que permitam às donas de negócios condições iguais para competir no mercado e resgatar a sua autoestima. Quando uma mulher é dona do seu dinheiro, ela é dona também da sua vida, das suas escolhas. Isso impacta diferentes aspectos da economia e da vida da população, inclusive na redução da violência doméstica.

Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae.

Para além de dados sobre a rede de apoio da mulher empreendedora no Brasil, o estudo traça um mapa de características socioemocionais que afetam consideravelmente o desempenho feminino à frente de um negócio. Uma delas trata da segurança e autoconfiança: homens chegaram a um percentual de 85% nesse quesito, enquanto as mulheres não ultrapassaram os 70%. Eles também têm mais facilidade para definir metas e para transformar projetos em realidade quando comparado às empresárias – 72% contra 61%.

  • Empreendedorismo Feminino